sexta-feira, 25 de julho de 2008

Olhos para que?

Sinto a sensação de tocar sentimentos.
Sentimentos. Sentidos.
Sem-tidos. Eu? Ou o outro?
Olho que tudo vê. E daí?
De que adianta ver, se enxergar não pode.
Janela é só uma passagem. Uma passagem.
Olhos são janelas. Almas, sensibilidade de sentimentos.
Crença. Degradação. Aprimoramento.
Confusão. Conhecimento.
Conectividade e intimidade.


Janelas são passagens de luz, de ar, passagens...

Quando da alma, de pessoas. Não da pessoa física, da matéria orgânica e perecível, mas a passagem de sentimentos, de sensações, de caráter, das faculdades afetivas do homem.
Estranho é ver uma janela da alma. Janelas frente a janelas. Quem sou eu?
As janelas trocam e tocam, passam. Confundem. Fundem.
Conhecem, aproximam-se, encantam e desencantam. Conversam. Conexões que debatem a intimidação de seres desconhecidos.

Falam.

É necessário reconhecer a fala de quem fala, porque quando fala, fala de alguém.
Alguém. Outra janela.
Possibilita a passagem, a transparência do dito, do visto e de novo confunde. A confusão dos sentidos. Sem-tidos. Porque do que adianta ver a janela da janela se nada posso enxergar, porque não conheço, não re-conheço. O conhecimento formador de opinião, da abertura da possibilidade de discussão.
Crianças não deformam, formam. Adolescentes começam a se perder na deformação porque acham que deveriam formar, adultos crescem infelizes porque não entenderam a deformação e se tornam velinhos doentes e incompreendidos por eles mesmos, porque nunca deformaram. Foram fabricados e formados, se tornam vulneráveis e perdem-se.

Transparecem, vêem. Enxergam?

Inovar e renovar, poder fazer e refazer conceitos, pensamentos, possibilitar descobrir. Aumentar o entendimento de conceitos sem cair nos pré-conceitos.
Preconceitos inseridos na condição social e que pré-estipulados foram por um alguém. Uma janela semi-aberta, onde um pequeno feixe de luz ao mesmo tempo em que entra, revela uma imensa escuridão do outro lado de quem a vê.
Um preconceito tão forte que transforma pessoas em pedras, sem cheiro nem cor. Faz pensamentos crescerem e tomarem conta, perdendo a identidade e assumindo responsabilidades impostas e desnecessárias. A sensibilidade desta alma existe, mas não transparece causando tamanha incompreensão e desequilibrando seres que mutam para a transparência e tornando-se idênticos uns aos outros.

Onde está a força que faz transformar o cheiro em sabor? Ver sons e ouvir cores?
Cadê a com-fusão dos sem-tidos?

É engraçado como todo mundo quer ser ridiculamente normal, de hábitos comuns, ninguém é igual a ninguém.
As sensações das diferenças se trocam e tocam entre as janelas e por isso são tão admiráveis e sedutoras as pessoas. A mistura desses sentidos só é tão saboreada porque fundem e difundem, confundem e perdem-se novamente.
Perdidos da realidade, perdidos de sentimentos, perdidos de nós mesmos, para acharmos uns aos outros, acharmos no outro o que eu não sei.
O não sei que é compreendido porque se aceita e respeita, o não sei quem sou, para onde vou, porque vêem, o não sei de nada.
Achar, acreditar e descobrir o eu no outro é como se perder na solidão e ser achado por alguém mais perdido ainda. As perdas se unem e se acham perdendo o seu significado e a necessidade de sua existência. Achar a condição de se deixar perder e descobrir a vulnerabilidade da condição de estar sendo perdido a todo instante. Porque achar, todo mundo acha, mas sentir o peso da perda de ter sido achado é muito maior.

Porque janelas se abrem e se fecham a todo instante, a alma é algo discutível, olhos todo mundo tem. Mas enxergar, reconhecer.

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