quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Moedas

Estive relembrando umas de minhas situações mais engraçadas e embaraçosas.

Tínhamos uma pequena copiadora num bairro de São Bernardo do Campo, era a menor loja da rua em frente a faculdade.

Concorrência? Tínhamos muitas, mas paciência e dedicação superavam qualquer falta de estrutura que porventura viríamos a ter.

Não era o meu sonho de profissão, nem nunca havia sonhado em assumir tal posição em minha vida, mas, no entanto, foi uma das experiências mais gratificantes e que engrandeceram meu conhecimento social e que se quer um dia teria imaginado ter.

Por volta das nove horas da noite, tocava o sinal do intervalo e assim, alunos e professores desciam as escadas dos prédios e caminhavam rampa abaixo em direção ao grande portão que separava faculdade da realidade.
Do lado de fora, esperávamos ansiosamente por este momento, pois era quando mais tínhamos movimento e consequentemente, o instante com mais entrada em caixa.

Era final de semestre todos os alunos corriam para poder entregar seus trabalhos dentro do prazo, nós, corríamos para poder atender o maior número de clientes possíveis.

Corria de um lado para o outro, tirando cópia, encadernando, entregando canetas, lápis, borracha, papel milimetrado, grampeando, pegando o dinheiro, fazendo contas e devolvendo o troco, impressão, digitação e o arquivo do disquete que insistia em não querer abrir.

Colorido ou preto e branco?
Quer que corte?
Vai encadernar também?

Puxei a primeira gaveta da mesa de madeira onde ficavam as notas, moedas, cartões e mais uma porção de coisas.

A gaveta saiu na minha mão.

Eram moedas de um, cinco, dez, vinte e cinco, cinqüenta e um real que rolavam por aquele chão liso, claro e frio.

O que eu poderia fazer naquele momento?
Olhei rapidamente para a grande besteira que acabara de fazer, o chão forrado de circunferências douradas e prateadas e desatei-me a rir incansavelmente.

Mas não parei para recolher coisa alguma, comecei a passar por cima das coisas e quando chegava o momento de entregar o troco ao cliente, começava a olhar para o chão na procura de qual moeda deveria curvar-me e apanhar.
Fazia somas mentais de valores e os pegava ao chão.
Nunca havia sequer imaginado de um dia pisar sobre dinheiro, ou melhor, de ter o dinheiro aos meus pés.

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