sexta-feira, 28 de novembro de 2008

E assim segue

Como um cão que abana o rabo, ou um gato que se nega em morrer em casa...

Insignificantes criaturas significativas que nos tornamos.

Coisinhas que exigem respostas e que tão vulneráveis a um resfriado adoecem.

Matérias que choram quando perdem e que gritam quando ganham.

Desconsidera sentimentos por capricho.

É a união de fatos que nos leva a loucura.

Eu quero perdoar, quero entender e compreender. Aceitar.

Água

Não tem ângulo reto na natureza.

Aprendi na faculdade coisas sobre equilíbrio, harmonia, sobreposição, transparência...

Olhei pela janela, como todos os dias eu faço, o que mais reconheci foi o contraste.
E o contraste que agora é inexistente no sul do país.
Todos juntos, unidos, sem nenhuma outra norma ou regra do que a união.

O mundo continua, a vida luta e as pessoas tentam o suicídio.

Por que continuo viva?
Os animas cometem suicídio?
Será que as plantas se negam a absorver os sais minerais da terra?

Por que pessoas saudáveis não querem mais compartilhar, enquanto outras que menos possuem ainda lutam para sobreviver?

O que faz recomeçar do zero vírgula dois?

O que eu tenho feito para as coisas melhorarem?

Eu tenho que continuar por que a mulher que me pede uma ajuda lá fora é muito parecida com a minha avó.

Nem entre as coisas construídas nas grandes cidades tem equilíbrio e harmonia. Até nisso uma coisa quer se sobrepor à outra e não construir uma grande arte.

É terra, lama, água, muita água que tem tentado lavar a humanidade. Não só no sul do Brasil, mas também na Ásia, na América do Norte...

É muita água que cai e é muita água que falta para beber.

E eu nos pergunto por quê?

A história se refaz a todo tempo, nos faz perder, criar, construir, reconstruir, sensibilizar, rir, chorar pra aprender a amar.

Será que somente pela dor que se chega ao amor?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sou eu

- Fala que você ganhou!

Lembro da minha mãe sussurrando aos meus ouvidos na mesa da cozinha enquanto eu fazia a lição de casa.

Tinha 15 anos. O presente que eu queria era a Laira. Laira Beatriz foi o nome que dei na minha cachorrinha, Husky Siberiano. Uma cor linda, marrom e branco, olhos azuis, quase cinza.
Minha mãe me deu escondida do meu pai que dizia que “cachorro grande, faz coco grande!”.

Mas mesmo assim, mais uma vez mamãe realizou meus desejos!

Hoje tenho 28 anos, namorei, casei, engravidei, mudei de casa e Laira, firme e forte acompanhou-me nas mais diversas mutações.

Tem medo de fogos de artifício, faz proezas quando sente medo, escala portões enomes de aproximadamente três metros de altura, quebra vitrôs de quinze centímetros e chega na sala por ele.
Adota filhotes de gatos, nunca me deu passarinhos ou ratos de presente, come abacates e mexiricas que caiem do pé. Participou de muitos, muitos churrascos sem pular na mesa ou ficar com o olhar pidão.
Foram muitas as tardes que passeamos nas ruas do bairro Assunção, acompanhou-me em discussões com namorados, flertes e recentemente discuti na rua com uma louca enquanto Laira fazia suas necessidades.
Laira não sabe latir, faz estranhos sons quando quer transmitir algum sentimento.

(huuuuuuuiiiiiuuuuuuuuuuu!!!!!!!!!!!)

Não rosna para outros cachorros enquanto a provocam na rua, foram tantas as vezes que corríamos e brincávamos de pega-pega no quintal da casa de minha mãe.
Era um tanto indiferente, confesso, tinha vezes que queria conversar e ela não me dava atenção.
Foram poucas as vezes que atrevi-me a dar banho nela, aquela grossa camada de pêlo parecia impermeável, mais fácil era levá-la ao pet-shop.
Nunca fomos viajar juntas, seu porte é muito grande, sem contar a grande quantidade de pêlo que dela se solta.
A cerca de um ano, desenvolveu tumores nas mamas, na pata e recentemente um na parte de trás do pescoço. Nunca reclamou ou chorou.
Hoje, Laira não consegue deitar, cansada, deita suas patas dianteiras e apóia a cabeça ao chão, enquanto as traseiras ficam de pé.
Não debutei, não tive festa de quinze anos, mas tive a Laira! Ainda a tenho, meu coração está apertado, meu olho arde e de nada adianta as lágrimas que dele escorrem, queria estar com ela abraçá-la e dizer o quanto significa pra mim. Mas não posso.
Não está cega, nem banguela, muito menos surda, ainda balança o rabo quando me vê. Tive muitos, quando digo muitos, são realmente muitos, cachorrinhos e outros animais de estimação, mas por nenhum fiquei tão triste por saber que não estaríamos juntos por mais alguns anos.

A Laira é especial, quando dizem que o animal reflete a personalidade do dono, é assim que vejo a Lá, sou eu em animal e sou eu quem estou me perdendo, sou eu quem sinto algo crescendo dentro de mim, sem poder reagir e mesmo assim passar a sensação que está tudo bem.


Sou eu quem vou, sou eu quem fico. Sou eu.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Eu também sei

Não dá pra saber se o sol vai aparecer ou se o tempo irá desabar.
E a cada minuto que passa a angústia aumenta.

Ando de um lado para o outro sem saber que lado optar.

Não quero aceitar, não quero brigar e então aceito.

Me confunde, me acha. Me perco e te acho. Acho.

Eu quero estar ao seu lado, ao mesmo tempo em que nego essa vontade.
Então lhe procuro e finalmente não te acho.
E fico feliz por ter meu desejo não realizado, sinto um alívio descer pela espinha.

A angústia ainda me sufoca e então a ventania começa ao raiar do sol.


Que bom que te vi.

Fico feliz que partiu, mas um dia fez-me sorrir.