terça-feira, 26 de maio de 2009

23 de maio "Dia do sorriso"

“Uma imagem vale mais do que mil palavras” mas mesmo assim:

Não importa o tempo que passe as crianças continuam sendo crianças, as mães sempre dançam esquisito, os agregados mudam…ou não, uns partem e viram estrela e outros vem e dão vida ao nosso olhar.

Não importa o tempo que passe o passado se faz presente e o presente se faz passado.

Essas coisas de código genético são complicadas de entender no colégio, mas fácil de entender na família, brancos, negros, índios ou orientais mas um só sorriso. Dente de leite, dente permanente, ponte, pivô e dentadura.

E assim se fez mais um dia, uma tarde, uma noite…

O dia de contos de fadas em que pude ter o prazer de ver uma princesa caminhar com os pés descalços sentindo os grãos de areia entre os dedos, enquanto jovens idosos se embalavam no balanço e na gangorra as crianças subiam e desciam com seus namorados, noivos, maridos…

No dia do sorriso eu vi princesas, sapos, super-heróis, bêbados e equilibristas.

No dia do sorriso eu chorei de rir e ri por chorar.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mãe

Sempre que chega o dia das mães, bate aquela sessão nostalgia e lembro-me das festinhas na escola em que cantávamos para as mães no pátio do colégio e entregávamos aquele presentinho feito com todo carinho para…

aquela que atendia o telefone com carinho respondendo: Pode, pode sim comer a bolacha do armário. Aquela que cantava tabuadas no gravador pra eu decorar. Que me dava gotinhas de pinga pra eu achar que era remédio. Que saía correndo do trabalho só pra me levar na aula de natação, aeróbica, órgão, judô, inglês…Que respondia dormindo que eu podia sim dormir na casa da tia. Que conheceu todos os amigos imaginários. Que me ensinou a gostar de Raul Seixas e Osvaldo Montenegro. Que passou madrugadas me esperando voltar das festas. E outras cuidando da minha febre. Que respondia do banheiro a correta conjugação verbal. Que deu-me gatos, cachorros escondido. Que levava ração no telhado para os gatos. Que deu-me apoio quando não o tinha. Que criou um chão quando o tiraram de mim. Que pinta a casa inteira sozinha. Que sorri com dor nas costas. Que bebeu leite congelado. Que usa a cadeira de balanço como guarda-roupas. Que chora na novela. Que nina um nenê que não existe quando está ansiosa. Que ensinou-me a gostar de arte sem entender ao certo o que é arte. Que sempre diz que meu cabelo está feio. Que fazia penteados horríveis no alto da minha cabeça. Que me vestiu de rosa quando queria azul. Que fazia um som ritimado ao entrar em casa com o salto do sapato sobre os tacos. Que arrasta enormes guarda-roupas sozinha. Que planta incansavelmente bromélias. Que aprende onde é o norte. Que faz química, letras, informática, espanhol. Que tinha fôlego quando tive bronquite. Que não sabe correr. Nem gritar. Que diminui a velocidade ao dirigir se está conversando. Que aceitou meus namorados. Que é amiga dos meus amigos. Que minha amiga. E que sempre pergunta ao meu filho se ele não podia ter escolhido uma mãe menos louca.


Mãe eu quero te dizer,
que todo esse mundo eu quero te entregar.
Porque ele sem você não é
mais que uma grande bola boba girando
no imenso azul do céu.

Mãe foi você quem me fez ver
as tristezas e acordes para uma nova canção
E que na vida é preciso perdoar e amar.
Cada segundo que se passa cantando
É para um amanhã melhor

La la la la la…

Não me lembro direito da letra dessa música, mas tenho certeza que a minha mãe lembra.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Entre-palavras

Quem é você?
Todos os meus antepassados.

Uma cor:
Papel em branco.

Uma palavra:
Morte.

Quem foi você?
Uma criança feliz e muito amada. Uma adolescente com problemas de auto estima. Um começo de adulto que nunca se completa.

Como você se vê aos 79 anos?
Dançando desenhos.

Quando você percebeu que estava madura suficiente para andar sozinha nas ruas?
Nunca.

Por que trocou de profissão?
Eu não tenho uma profissão.

Por que decidiu continuar seus estudos?
Um dia eu descobri que gostava.

Qual a sua relevância na sociedade?
A mesma de todos que estão aqui.

O que você tem feito para cumprir o seu papel como ser humano?
Procuro respirar e perceber isso.

Qual o papel do ser humano?
Viver da melhor maneira possível.

Um cheiro:
Do travesseiro da minha mãe.

Uma idade. Por que?
A de hoje. Porque é sempre o melhor momento quando se dá conta de que tem uma vida e se orgulha da sua história.

Uma pessoa:
... é feita de muitas outras.

Um sonho:
Não sentir tanto medo das pessoas.

Um pesadelo:
A morte com sentimento de missão não cumprida.

Uma realidade:
É sempre só um ponto de vista. É preciso tentar ver outros e abrir horizontes.

Uma frase:
I am aware of your existence.

Conte uma história de amor.
Minha mãe reprovou na escola. Meu pai também reprovou algumas vezes. Assim um dia se conheceram. Deram o primeiro beijo no ônibus de excursão da escola voltando do Rio de Janeiro. Ficaram juntos até a morte dele. No meio do caminho nasceram mais amores que se fazem companhia na vida.

O que é o amor?
Querer bem e fazer bem. Sentir saudade. Entender e aceitar; ou entender, não aceitar mas respeitar.