sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A caixa mágica

Nem deu meio dia, lá estava de malas prontas esperando a cavalaria para a viagem.

Passamos o feriado de sete de setembro em Peruíbe, no pequeno grande refúgio tão longe, mas tão perto.

Eis que nesse tão tão distante refúgio de corpo, pensamento e coisas, o Davi descobriu uma vitrola perdida dentre as velharias da goma, não pensou duas vezes em jogar o seu charme e pedir para a avó a vitrola para ele. Ela como toda boa avó que se preze tratou de atender aos caprichos do primeiro e único neto.

No entanto, junto aquela velharia, nenhum disco foi encontrado, um tanto estranho, mas o compreensível Davi aguardou os tão longos quatro dias de descanso até retornarmos a nossa terra natal, São Bernardo do Campo.

Logo na primeira noite que voltamos, fomos à procura e porque não dizer, à caça, de algum disco de vinil para podermos escutar naquela pequena e tão diferente caixa preta com alças.

Enquanto minha tia procurava nas caixas de papelão empoeiradas e perdidas nas estantes e prateleiras, eu e o Davi tentávamos desencaixar as duas pequenas caixas de som que formavam uma tampa para a vitrolinha.

Os parafusos que já haviam se fundido com as porcas, quase não se mexiam, era uma mescla de cores prateadas, verdes e brancas que pareciam calcificadas. Foi preciso além de muita força, um alicate, que por sua vez era mais velho do que a própria vitrola.


Desencaixadas as duas partes da tampa, abrimos uma pequena portinha debaixo da estranha máquina e um fio comprido e marrom encontramos, não perdemos tempo e logo colocamos na tomada e ligamos os outros fios das caixinhas de som em duas das quatro saídas da pequena máquina.

- Achei, achei! – veio minha tia exclamando.

Pegamos os pequenos e pesados discos de vinil que pareciam ainda mais velhos do que a própria vitrola e o alicate, colocamos na máquina e tcharam!!! Funcionou!

O disco ficou ali girando, girando com aquela agulha sobre ele e magicamente sons saíam pelas caixinhas pretas.


Agora, imagino o que esteja se perguntando, o que eles ouviam?

Pois é, essa é a melhor parte da história, nem eu ou o Davi entendíamos absolutamente nada do que se falava naquelas melodias, eram músicas japonesas.

Mas de repente peguei a mim e ao Davi ali, estáticos olhando, ou melhor, admirando aquela pequena caixa preta desmontada em três partes que soltava sons longos e agudos, os dois com leves sorrisos nos lábios enquanto o disco preto rodava.

- Mãe, é assim mesmo o som?
- É Davi, essa é a beleza do som de um disco de vinil.

Ele sorriu e passamos mais algumas horas ali, virando e alternando os pequenos e negros discos sobre a mágica caixinha, sem nada ainda entender.

2 comentários:

Denise disse...

Não tenho palavras pra explicar quem é ou o que é Davi?!?! Simplesmente EMOCIONANTE!!!

Anônimo disse...

Adorei a história... Bjos pro Davi!