terça-feira, 4 de dezembro de 2012

de cor cinza

e o papel continua cheio de linhas por escrever. o lápis inteiro esperando ser apontado e a borracha a soltar seus fiapos. o livro com suas páginas a serem viradas.
não sai, nada sai.
fica aqui dentro guardado, perdido esperando sei lá o que.
fotos a serem reveladas.
realidades alteradas pela dificuldade, personalidades escondidas pelo medo.
pintam-se os cabelos, unhas, olhos e a boca.
veste-se com a roupa mais bonita e menos confortável.
sapatos que machucam os pés e calos que marcam uma transformação.
a cor já não pinta mais o desenho que o lápis não riscou porque os pensamentos ainda estão cinzas.
e cinzas foram o que viraram os sonhos que não foram sonhados.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

verde cheiro da água


verde como grama nova depois da chuva,
pequenas e delicadas curvas desenhavam o seu corpo.
cheirosa como a água que está por vir depois da seca.
em mim chega nos braços de quem sorri.
hoje eu ganhei um pé de alface.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Acreditei

Como a chuva que cai sem parar, como a água que deveria lavar, matar a sede. Como o sol que deveria secar, queimar, que deveria brilhar, que deveria alimentar. Como o ar que deveria me manter viva, o vento que deveria levar a poeira, balançar as folhas das árvores. Como eu que deveria ter nascido só para amar. Como as mãos que deveriam acariciar e da boca só sair palavras doces, os lábios para beijar, os cabelos para proteger e encantar. Como você que deveria ser feliz. Como o alimento deveria alimentar os famintos e o som sair de nossas bocas em formato de risadas. Como as lágrimas que deveriam acalmar. Como a paz deveria reinar e a amizade ser eterna.


Queria de volta o brilho no olhar, as músicas conseguir cantar, as pernas usar para caminhar, os braços abraçar, o coração sentir e a cabeça pensar. Achei que seria mais leve, achei que nas pessoas poderia acreditar e na família sempre poder contar. Achei que o conhecimento me garantiria futuro, que pelo menos aquilo que um dia tive poderia manter.


Queria olhar no espelho e ver meu crescimento, ter orgulho das minhas conquistas, sentir o peso da idade independentemente da vaidade. Queria ter cabelos brancos para usar lilás, um abraço forte todas as noites e agradecer a lua por mais uma noite estar em sua companhia.


Acreditei que a sinceridade sempre fosse a melhor solução, que a mentira levaria a desilusão, que arroz, água e sal fariam parte da minha refeição. Acreditei que aqueles que na minha cabeça passaram a mão, me acompanhariam pela vida. Que os cães sempre abanariam o rabo, que os gatos para sempre miariam e que os pássaros cantariam. Acreditei no amor, na amizade, na paz e na saudade.Acreditei que poderia chorar quando sentisse fome, que com um banho e uma noite bem dormida o dia mudaria. Que o tempo passaria. Acreditei .