tag:blogger.com,1999:blog-90245029715607426332024-02-06T18:54:20.017-08:00Dois PedacinhosDois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.comBlogger81125tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-47434414330862753132014-10-22T10:58:00.002-07:002014-10-22T10:58:55.577-07:00...
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Quando num torcer de cores saírem bolhas de sabão ou quando
numa sombra ouvir o cantar dos peixes, serei amarela, laranja e vermelha. Serei
completa como três pontinhos! Um atrás do outro, em fila...de mesmo tamanho e
distância. Serei eterna como o cheiro de chocolate com menta. </span></div>
Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-22843966543965296812014-10-20T05:22:00.001-07:002014-10-20T06:03:42.423-07:00meu<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;">Onde foi parar aquela menina, aquele rapaz? Quem era aquela
menina? Quem era aquele rapaz? Era aquela menina, aquele rapaz?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;">Aquela menina que enfrentava qualquer rapaz! Aquele rapaz
que sentia dor e chorava compulsivamente como uma menina.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;">Cadê ele? Cadê ela?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;">Fundiram na multidão. Confundiram a multidão. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;">Aquela menina, aquele menino, são eles! São todos eles! </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;">Como se cúmplices por serem irmãos. E assim, dessa forma, um
laço de dor se cria.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;">E todas as dores do mundo são minhas, assim como as
alegrias.</span></div>
Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-32571034036308369542013-10-02T12:29:00.001-07:002013-10-02T12:32:58.940-07:00O rabo da lagartixa<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;">E assim, em milhares de caquinhos ficaram seus sentimentos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;">Caquinhos que se regeneram como rabo de lagartixa, mas que
se quebram em milhares de outros caquinhos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;">Como os olhos que tentam falar o que a boca não solta, mas
que também não se entende.</span></div>
<span style="font-family: inherit;">A letra do olhar que não se lê. A letra do olhar que não se
fala. Que não tem som.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: inherit;">Como os caquinhos que não se grudam.</span></div>
<span style="font-family: inherit;">E assim fica. Meio quebrado, meio colado, meio dito, meio
olhado.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"></span><br />
<span style="font-size: 11pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">A lagartixa que pacientemente espera o vacilo do
pequenino mosquito. E gelada segue seu rumo sem rabo</span>.</span></span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-57168340204662655212012-12-04T03:50:00.001-08:002012-12-04T03:51:20.268-08:00de cor cinzae o papel continua cheio de linhas por escrever. o lápis inteiro esperando ser apontado e a borracha a soltar seus fiapos. o livro com suas páginas a serem viradas.<br />
não sai, nada sai.<br />
fica aqui dentro guardado, perdido esperando sei lá o que.<br />
fotos a serem reveladas.<br />
realidades alteradas pela dificuldade, personalidades escondidas pelo medo.<br />
pintam-se os cabelos, unhas, olhos e a boca.<br />
veste-se com a roupa mais bonita e menos confortável.<br />
sapatos que machucam os pés e calos que marcam uma transformação.<br />
a cor já não pinta mais o desenho que o lápis não riscou porque os pensamentos ainda estão cinzas.<br />
e cinzas foram o que viraram os sonhos que não foram sonhados.Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-90362782835708873942012-11-20T05:37:00.001-08:002012-12-04T03:44:41.930-08:00verde cheiro da água<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">verde como grama nova depois da chuva,</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">pequenas e delicadas
curvas desenhavam o seu corpo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">cheirosa como a água que está por vir depois da seca.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">em mim chega nos braços de quem sorri.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">hoje eu ganhei um pé de alface.</span></div>
Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-52628411865879185832012-03-15T11:14:00.000-07:002012-12-03T06:17:00.815-08:00Acreditei<div align="justify">
Como a chuva que cai sem parar, como a água que deveria lavar, matar a sede. Como o sol que deveria secar, queimar, que deveria brilhar, que deveria alimentar. Como o ar que deveria me manter viva, o vento que deveria levar a poeira, balançar as folhas das árvores. Como eu que deveria ter nascido só para amar. Como as mãos que deveriam acariciar e da boca só sair palavras doces, os lábios para beijar, os cabelos para proteger e encantar. Como você que deveria ser feliz. Como o alimento deveria alimentar os famintos e o som sair de nossas bocas em formato de risadas. Como as lágrimas que deveriam acalmar. Como a paz deveria reinar e a amizade ser eterna. </div>
<br />
<div align="justify">
<br />
Queria de volta o brilho no olhar, as músicas conseguir cantar, as pernas usar para caminhar, os braços abraçar, o coração sentir e a cabeça pensar. Achei que seria mais leve, achei que nas pessoas poderia acreditar e na família sempre poder contar. Achei que o conhecimento me garantiria futuro, que pelo menos aquilo que um dia tive poderia manter.</div>
<br />
<div align="justify">
<br />
Queria olhar no espelho e ver meu crescimento, ter orgulho das minhas conquistas, sentir o peso da idade independentemente da vaidade. Queria ter cabelos brancos para usar lilás, um abraço forte todas as noites e agradecer a lua por mais uma noite estar em sua companhia.</div>
<br />
<div align="justify">
<br />
Acreditei que a sinceridade sempre fosse a melhor solução, que a mentira levaria a desilusão, que arroz, água e sal fariam parte da minha refeição. Acreditei que aqueles que na minha cabeça passaram a mão, me acompanhariam pela vida. Que os cães sempre abanariam o rabo, que os gatos para sempre miariam e que os pássaros cantariam. Acreditei no amor, na amizade, na paz e na saudade.Acreditei que poderia chorar quando sentisse fome, que com um banho e uma noite bem dormida o dia mudaria. Que o tempo passaria. Acreditei .</div>
Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-7092475302518048672011-10-10T07:22:00.000-07:002012-12-03T06:17:47.318-08:00Dia das CriançasNão dá pra acreditar o quanto crescemos em tão pouco tempo. Mas acredito que guardamos em uma caixinha vermelha no fundo do guarda-roupas as lembranças de nossa infância.<br />
<br />
É pra essa caixinha que recorremos em momentos de aflito, tiramos lá do fundo as lembranças que nos dão de volta o sorriso perdido desse mundo maduro. Má-duro.<br />
<br />
Dos dias de sol lavando o cachorro com a mangueira e ainda aproveitar o sabão para deslizar sobre o piso do quintal. Ou sair correndo atrás das galinhas que eram pintinhos até poucos dias, pintinhos que ganhamos na feira de cães e gatos.<br />
<br />
Dos momentos em que dormimos de exaustão em uma cadeira qualquer, e que nos braços de nossos pais, fomos levados até a cama. Dos dias de febre e que um lápis de cor mudou tudo.<br />
<br />
De correr livremente atrás das pombas na praça da igreja. De pegar jacaré na praia. De andar de bicicleta sem rumo. De comer chocolate sem medo de engordar. De brincar de "Mamãe Polenta" no quintal da vó.<br />
<br />
De fazer comidinha do kit-frit. De chorar sem medo ou vergonha. Do dia que ficamos banguelas e ainda sentir orgulho disso. De falar com ninguém sem saber o por quê.<br />
<br />
De chegar da escola e ver desenho a tarde toda. De acreditar em Papai Noel. De fingir acreditar em Papai Noel pra garantir o presente de Natal.<br />
<br />
De namorar o garoto da escola sem ele saber. De tirar 10 na prova. De tirar 0,2 também. De pedir pra mãe pra brincar na casa da amiga.<br />
<br />
De brigar com os irmãos e ainda ter que ser o último a dar o último tapa. De brincar de boneca, de carrinho. De ter fôlego pra pular corda, girar bambolê e fazer bolinhas de sabão.<br />
<br />
De andar dentro do carrinho de supermercado. De fazer tchauzinho pro carro de traz. De comer pipoca com queijo no ônibus, de tomar sorvete de vento. De ter disposição pra acordar de manhã cedo em pleno domingo só pra comer pastel de queijo na feira.<br />
<br />
Pois é... o Dia das Crianças está chegando de novo, e dessa vez não vou ganhar brinquedo, mas vou ganhar mais uma vez o melhor presente do mundo que é o sorriso e o abraço da minha criança.Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-19159817085414820642010-08-30T15:03:00.000-07:002012-12-03T06:17:56.360-08:00CrençaNão fiz primeira comunhão,<br />
mas já cantei em um coral na igreja. <br />
<br />
Na infância, não quis aprender a rezar, <br />
mas já pedi a Deus paciência. <br />
<br />
Ganhei uma bíblia, mas nunca tive paciência de ler. Quando me vi em apuros, chorei e perguntei aos céus por quê. <br />
<br />
Dei três pulinhos e pedi a São Longuinho. <br />
<br />
Fui em velórios e participei de missas de casamentos, sétimo dia....pulei três ondinhas no ano novo. <br />
<br />
Acendi velas na areia. Disse “Graças a Deus” e “Se Deus quiser”.<br />
Desviei da entrega na encruzilhada e balbuciei “Salve”. <br />
<br />
Fui na festa de São João, comi churrasco e tomei vinho quente. No Natal, acreditei no Papai Noel, <br />
mas nunca vi Jesus. <br />
<br />
Na páscoa, já encontrei o coelhinho, <br />
mas nunca ninguém ressuscitou. <br />
<br />
Já quis agradecer a Santo Expedito, <br />
mas nunca pedi nada a ele. <br />
<br />
Nunca aprendi a gritar “Truco ladrão!”. <br />
<br />
Me batizaram e batizei meu filho, <br />
mas até hoje me pergunto por que? <br />
<br />
Não pintei os santos e meu cachorro morreu. <br />
Meu gato sumiu e meu pai também. <br />
<br />
Roubaram a minha crença e o meu fusca. Chatiei. <br />
A paciência sempre volta, dei três pulinhos e acendi o incenso no altar. <br />
<br />
Penso como não sentir frio em dias gelados e ainda sim vestir saia. <br />
Valorizo conseguir a não se render as tentações da moda e ainda não cortar os cabelos. <br />
<br />
Gosto de tomar sol na praia usando biquíni. <br />
<br />
Casei e fiz promessas. <br />
Pequei e vesti branco. <br />
<br />
Não me ensinaram o que é o pecado, <br />
mas ainda sei que já o fiz. No meu enterro quero bexigas coloridas. <br />
<br />
Não usei preto no enterro, não abracei o cadáver,<br />
mas chorei a sua ausência. <br />
<br />
Não mandei flores, <br />
mas dei abraços sinceros. <br />
<br />
Meu pé de feijão no copinho de café murchou, meu peixe pulou do aquário e minha cachorra foi atropelada. Minha tartaruga sumiu. <br />
<br />
Puxei as folhinhas das costas das formiguinhas e senti prazer em ver a lesma derreter no sal. <br />
<br />
Disse “eu te amo” a muitas pessoas,<br />
mas ainda me indago sobre o que é o amor. <br />
<br />
Tive medo do escuro por saber que nunca estaria sozinha. <br />
<br />
Já desejei o mal, mas fiz o bem. Nem tudo que é bom, me faz bem.<br />
<br />
Descobri a vida, quando conheci a morte. <br />
<br />
Fiz o desejo quando achei ter visto o cometa, <br />
mas não me lembro se realizou. <br />
<br />
Joguei meus dentes no telhado, tenho outros na gaveta e ainda guardo uns na boca. <br />
Mastigo o chiclete, <br />
mas sempre escovo os dentes. <br />
<br />
Acendo a luz quando está escuro e desejo o escuro quando está claro. <br />
<br />
Tenho buda na sala e uma cruz no guarda-roupas. Limpei o chão com sal e coloquei um galho de arruda debaixo do colchão. Tenho um anjo no criado mudo. <br />
<br />
Briguei na escola, <br />
mas senti dó em ter que agredir. <br />
<br />
Judiei do filhote de rato na gaveta do arquivo e chorei quando deram a minha bicicleta. <br />
<br />
Senti frio nos pés usando sapatos e suaram quando descalços. <br />
Tomei cerveja na quaresma. Dancei no carnaval. <br />
<br />
Aproveitei a vela quando acabou a energia e agradeci meus dias. <br />
Joguei perfume.Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-69933521312923824482010-06-18T20:37:00.000-07:002010-06-18T20:38:18.075-07:00EsperoSempre espero, mesmo assim ainda me surpreendo.<br /><br />Des-espero, mesmo assim ainda me surpreendo.<br /><br />Sempre corre um sorriso no meu rosto ao passo que uma lágrima se esboça.<br /><br />Eu conheço o que foi, mas os detalhes ainda caminham. Por isso, des-espero.<br /><br />Mesmo assim espero.Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-15375286761569822672010-06-18T20:26:00.001-07:002010-06-18T20:27:18.725-07:00Que senteChorou intensamente, nada se ouvia, mas conseguia ver a infelicidade estampada em seu rosto claro.<br /><br />Não é surpresa alguma presenciar manifestações de diferentes emoções, mas naquele momento era uma cena incomum.<br /><br />Discretamente passava as pontas dos dedos delicados sobre o rosto como se quisesse limpar o ferimento na alma.<br /><br />Lavava com pequenas porções de água a perfeita representação do que deveria representar semente a alegria.<br /><br />Nada se ouvia, compartilhava o silencio externo por um conflito antigo do interno. Nunca se perdoou. Mas sente orgulho pelo que fez, por isso chorava.<br /><br />Não se deve envergonhar por buscar a felicidade e por expressar a primeira manifestação do sentimento humano.<br /><br />Chorou. Não era agora a dor a separação forçada, mas a dor da incompreensão.Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-25936765411807437302010-05-06T16:20:00.000-07:002012-12-03T06:18:29.733-08:00PenduradoAgora vejo o mundo emoldurado.<br />
Vejo em detalhes as imagens fragmentadas, que nem sempre são coloridas.<br />
<br />
Agora vejo a moldura exposta que protege o desenho.<br />
Vejo o homem velho que chora de emoção no desenho do desejo.<br />
<br />
Agora vejo o sentimento representado e sinto o peso da moldura.<br />
Vejo o medo da responsabilidade das pessoas que conversam na representação.<br />
<br />
Agora vejo a impaciência da falsa experiência.<br />
Vejo conversas e ouço os falsos brilhos dessa composição.Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-80913590825129950902010-05-06T16:15:00.001-07:002012-12-03T06:18:03.664-08:00NinguémEu respondo:<br />
-Sou ninguém.<br />
<br />
Hoje consigo ver no que me tornei. Virei àquilo que era antes de ser ninguém.<br />
<br />
Sou a imagem, a continuação de uma história que se fez, que se sonhou num outro alguém que hoje não é mais ninguém.<br />
<br />
Sinto orgulho do ninguém que me tornei. Do orgulho do alguém que não me conheceu, mas que me moldou.<br />
<br />
Acho graça da imagem que se faz da imagem que represento. Sou ninguém. Repito.<br />
<br />
Não, não é uma luta, é a construção. É a unidade na multiplicidade, ou o seu oposto.<br />
<br />
Há de ser nada, ou nada ser.<br />
<br />
Lamento por não conseguir ver o ninguém que sou.<br />
<br />
Não sou a velha história, faço parte, somente, da trajetória.<br />
<br />
Deixe somente comigo o orgulho do que não fui.<br />
<br />
Tenho a pele morena da mistura que se fez, sou a mutação.<br />
<br />
Gosto quando me olha, mas sei que não me vê. Enxergas somente o alguém que não sou. Não consigo sentir que entende o ninguém que sou.<br />
<br />
Faz parte do show os risos, as lágrimas e os aplausos, mas é só mais um show.<br />
<br />
Sou somente ninguém.Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-90756174257755184182010-04-25T16:14:00.000-07:002010-04-25T16:15:33.404-07:00Esses dias eu choreiEsses dias eu chorei. Chorei por chorar.<br /><div style="text-align: center;">Da mesma forma que se ri, eu chorei.<br /></div>Assim como às vezes eu sinto sono, eu chorei.<br /><br />Chorei um choro sentido, um choro contido, um choro. Eu simplesmente chorei.<br /><br />Veio sem razão, veio sem a noção, ele simplesmente veio e me tomou.<br /><br />Ele veio e fez parte de mim.<br /><br />O senti sendo criado e quando percebi já estava querendo partir.<br /><br />Assim como qualquer outra necessidade física do ser humano, apareceu, fez parte de mim e se foi.<br /><br />Esses dias eu chorei. Chorei por chorar.<br /><br />E não foi difícil achar um motivo para ele crescer e ganhar força.<br /><br />Assim como uma gargalhada, eu chorei.<br /><br />Deixei que me tomasse. Deixei-me sentir essa sensação. Chorei até soluçar.<br /><br />Chorei até a cabeça ficar pesada e os olhos incharem.<br /><br />Esses dias eu chorei.Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-41500807882428882202010-04-25T16:00:00.000-07:002010-08-30T18:35:30.408-07:0022 de abril<span style="color: rgb(102, 102, 102);">Nunca ganhei na mega-sena, não ganhei um carro no sorteio do shopping. Não ganhei a viagem na rifa. Não aprendi a andar de skate, nem a surfar.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">Nunca desci o rio de bóia, nem pulei de pára-quedas ou de asa delta.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">Nunca dirigi um caminhão, nem comi ostra. Não chorei a morte do ídolo nacional, não sofri na copa do mundo.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">Não senti as dores do parto. Nunca perdi o sono, nem engessei o cotovelo.</span><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">Mas já me decepcionei com sonhos.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">Já ganhei quando perdi, e continuo ganhando.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">A cada dia vejo a reafirmação da bela decepção e por isso continuo acreditando.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">Hoje é 22 de abril de 2010. Tenho 29 anos, cinco meses e alguns dias.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">Tenho uma família maravilhosa, que está crescendo sempre.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">Tenho poucos amigos, muitos amores e outros tantos queridos.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">O tempo vai passando, mas sou eu quem estou ganhando.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">O cabelo vai caindo e liberando espaço para experiência.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">Os dentes vão amarelando e colorindo o dia.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);">E aos poucos sei que me curvarei para o mundo, até o dia em que ele quiser que eu faça parte dele.</span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-86451437646015639812010-01-04T10:07:00.000-08:002012-12-03T06:18:22.059-08:00Anjos com tomate<span style="color: #999999;">Sobre uma toalha cor-de-rosa, deitada ao lado de uma pequena Pantera Cor-de-Rosa escrevo.<br /></span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #666666;"><br /></span><span style="color: black;">Descrevo.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br /></div>
<span style="color: black;"></span><br /></div>
<br /><span style="color: black;">Um instante que fotografo com a caneta prateada e com detalhes em cor-de-rosa.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">A cama fica aos pés da janela de venezianas que parece fazer questão em exibir a luz do dia que ilumina a pele do meu joelho.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Nas paredes brancas, nenhum quadro, somente desenhos feitos com os movimentos do dia.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Um ventilador de teto para refrescar o corpo e um minuto sozinha para a mente.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">De colorido, somente as roupas que secam dependuradas na cama ou atrás da porta.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Daqui posso ver o céu, algumas folhas da palmeira da casa do vizinho e um pedaço do telhado.<br /><br />Tudo recortado em seis partes iguais, as grades me protegem do mundo de fora e me aprisionam no mundo aqui dentro.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Na segunda e na quinta divisão desse céu, dois pequenos anjos.</span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<div style="text-align: right;">
<span style="color: black;">Macarrões dourados giram, balançam pra lá e pra cá, como se não soubessem em que mundo entrar. </span></div>
<span style="color: black;"></span><br /></div>
<span style="color: black;"><br /></span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<br /><span style="color: black;">Uma escolha.</span><br />
<br /></div>
<br />
<span style="color: black;">Hoje almocei anjos regados a molho de tomate e carne moída.</span><br />
<div style="color: #999999; text-align: right;">
<span style="color: black;">Agora, sabendo disso parecem mais agitados na janela do quarto.</span></div>
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Mas assim como eu, estão presos a fios e linhas transparentes. Não há como fugir ou correr, não existe esconderijo.<br /><br />A linha entrega o caminho seguido. Os anjos estão vulneráveis a ação do tempo.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Acalmaram, parecem entender o destino, aceitar a situação. Admirar da janela a chuva que amolece o corpo, desfaz a cor, o sol que resseca e quebra.</span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-61930269085337779192009-12-15T17:44:00.000-08:002010-01-06T09:25:44.305-08:00Eu sei<span style="color: rgb(153, 153, 153);">Tive uma estranha sensação.</span><span style="color: rgb(153, 153, 153);"><br /></span><div style="text-align: center; color: rgb(153, 153, 153);"><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Algo me puxava para a direita, mesmo que para a esquerda quisesse estar.</span><br /></div><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Caminhei. Não estava embriagada, não estava anestesiada, mas era para direita que meu corpo seguia.<br /><br />O chão estava distante dos meus pés por mais que nele estivessem apoiados.</span><br /><div style="text-align: center; color: rgb(153, 153, 153);"><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Tiraram meu chão.</span><br /></div><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Queria ter sentido o frio do corpo, mas foi o frio da ausência quem me possuía.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">A pequena bolsa ainda ficou sobre a estante. As chaves não abriram mais portas. Ainda escuto seu assobio me chamar.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Meus olhos vazaram sem sentir dor, senti a ausência da dor, senti o oco. O vazio que me consumia.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Senti o desespero da falta, ou o desespero do excesso do oco. Não soube para onde ir, para a direita ou pela esquerda, não estava perdida, não tinha que ir, mas precisava seguir mesmo ficando estática.</span><br /><br /><div style="text-align: center; color: rgb(153, 153, 153);"><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Não tinha escolha e não escolhi. Esperei.</span><br /></div><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Suei o suor da falta de exercício. Foi como o tempo voltasse, o tempo que passou, mas que ficou.</span><span style="color: rgb(153, 153, 153);"><br /></span><div style="text-align: right; color: rgb(153, 153, 153);"><span style="color: rgb(153, 153, 153);">O tempo que não voltou.</span><br /></div><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Senti sono mesmo sem estar cansada, quis dormir. Meu corpo queria desligar a sensação que minha mente queria inventar, ele quis dormir.<br /></span><div style="text-align: right; color: rgb(153, 153, 153);"><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Mas não dormi.</span><br /></div><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Apaguei as luzes e me banhei. A água estava mais fria do que quente, a pele reclamou, mas minha mente acordou. Esfreguei o corpo como se arrancasse parte da minha ausência de mim mesma.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Chorei até meu rosto inchar e sentir vergonha do som que saía da minha boca. Senti vergonha de mim mesma.<br /><br /></span><div style="text-align: center; color: rgb(153, 153, 153);"><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Vergonha mesmo estando sozinha.</span><br /></div><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Chorei até meu nariz entupir. Meus olhos pesaram.<br /><br /></span><span style="color: rgb(153, 153, 153);">“Eu sei” era o que a minha voz dizia. Repetia para mim, como se eu mesma quisesse ouvir, como se eu não ouvisse ou se não fosse dona dos meus pensamentos. Falei. Repeti.<br /><br /></span><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Minha cabeça pesou e ouvia seguidamente músicas estranhas que eu mesma havia escolhido.<br /><br />Quis dormir, mas a cama ainda girava e as lágrimas não secavam. Achei que pudesse estar com febre, quis vomitar, senti frio, esfreguei um pé no outro. “Eu sei”.</span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-6250495266659347342009-11-30T08:57:00.001-08:002010-01-06T09:26:20.058-08:00Batateira de berço<span style="color: rgb(153, 153, 153);">Batateira de berço. Nasci, dei meus primeiros passos, minhas primeiras descobertas, minhas grandes amizades, meu primeiro beijo e meu primeiro amor em São Bernardo do Campo. Casei e tive meu filho em São Bernardo.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Em 1980 as grandes euforias dos movimentos sindicais já haviam se amenizado e assim como a flor da primavera, no dia 22 de setembro eu nasci. Minha mãe conta que foi um parto muito difícil, que parecia que eu não queria nascer, nem fórceps me tirava de lá, foi preciso um médico enorme sobre ela para me por pra fora, ou pra dentro desse mundo, dessa vida.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Na minha infância não passei por grandes problemas financeiros, nem nunca soube o que era sentir fome. Estudei em grandes colégios da região, participei de muitas brigas e muitas festas. Conquistei grandes amigos e, sobretudo tive a oportunidade de agregar a minha família parentes de coração.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Lembro de passar viradas do dia 24 para o dia 25 de dezembro dentro do carro, de ouvir piadas sem graça, de acompanhar sem entender conversas políticas. Vi meu pai rir, brigar somente com olhares e rir quando estava extremamente nervoso.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Fiz desenhos nas mesas do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Corri pelas escadas em algumas matinês de carnaval. Acompanhei conversas sérias em salas brancas e outras em bares.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Subi no palco, tive medo do elevador e me escondi atrás das pilastras do salão.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Foi em São Bernardo que aprendi a jogar baralho, aprendi a beber e me irritar com a fumaça dos cigarros. Foram muitos churrascos em oficinas com velhos chatos que bagunçavam o meu cabelo ou que tentavam arrancar uma palavra de uma criança muda. </span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Em São Bernardo também aprendi a dirigir carros, motos e a minha vida. Vi meu pai se entristecer com o que mais dedicou a sua vida. Senti ciúmes do sindicato e dos metalúrgicos, quando me esqueceu na escola porque estava lá ou com eles.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Foi no sindicato que tomei as minhas vacinas contra os vilões da saúde, que comprei minha camiseta estampada com o Raul Seixas. Era lá que a minha mãe fazia meus e de muitos outros exames de sangue, fezes e urina.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Foi no sindicato que olhei pela primeira vez ao microscópio e pude entender que havia seres menores, mas só hoje pude entender que foi lá também que pude acompanhar o crescimento dos seres maiores.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Lembro da minha mãe dizendo com carinho que um dia aquele prédio foi o mais bonito de São Bernardo. Contava-me histórias sobre o lugar e sobre aquelas outras tantas pessoas que faziam nó nos meus cabelos. </span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Hoje consigo reconhecer o quão importante aqueles velhos chatos eram pra cidade, para o meu pai, para a minha mãe, para o país e para mim. Consigo entender o significado daquele desenho do homenzinho rabugento que dizia “Hoje eu não to bom!”. </span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Nesse final de semana pude rever a história do país, de São Bernardo, da minha mãe, do meu pai e a minha. Assisti a construção do valor, do reconhecimento, da cultura e do amor.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Uma enorme sala lotada de pessoas queridas, que olhavam pra mim com carinho e diziam: “Ela é a do meio? Como está linda!”; “Seu pai foi um grande cara”; “Linda Inês!”; “Cadê seus irmãos?”; “Sua mãe não vem?”.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Não foi um dia qualquer, foi o dia em que grande parte da minha história estava reunida chorando e sentindo orgulho pela história do Cara.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Eu chorei nas cenas refletidas no telão que acalcam qualquer coração, mas chorei muito mais por conseguir entender o valor daquele sorriso que não pude dar quando era criança. </span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Levei a minha avó de 86 anos, nascida no Japão e que por volta dos 15 anos veio ao Brasil, teve 5 filhos. Que ainda mistura o vocabulário japonês ao português. Que acompanhou a luta de meu pai, a dedicação dele a família, mas, sobretudo aos agregados. Que acreditava na luta e que sonhava por trás dos pequenos olhos firmes.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Na maior parte do tempo se manteve quieta, comeu pipoca e tomou refrigerante, achou que as casquinhas dos petifours servidos eram de plástico, tomou a minha cerveja. Durante o filme, manteve o corpo projetado para frente, como se fosse ouvir melhor ou ler os lábios dos atores.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Quando a sessão chegou ao final pediu-me para que a levasse para cumprimentar o protagonista da história. Embora assediado, senti-me a obrigação de atender ao seu pedido, com muito custo consegui realizar o seu desejo. Com o corpo curvado para frente e a blusa azul clara com estampas amarelas abraçou e tirou fotos com o melhor amigo do meu pai.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Não sei o filminho que passou pela cabeça dela, mas chegamos em casa quase 00:00 e ela ainda estava disposta e não reclamou cansaço. Perguntei se ela gostou do filme, fez que sim com a cabeça e foi tomar banho.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">No dia seguinte perguntei a minha tia se ela havia perguntado para a vó se tinha gostado do filme. Minha tia disse que sim, que de manhã havia chorado enquanto descascava verduras no quintal. E que somente naquele dia havia entendido as perdas da história.</span><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);"> </span><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Minha avó nasceu no Japão, mas também é batateira.</span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-52389283116587770932009-11-26T12:33:00.000-08:002012-12-03T06:21:49.940-08:00E termina assim<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWbZpKBjiYoW6QlSyOIWTXkrOeb6rTJM5p2iBrWCckTaHIYXgUmAvNCKAeVg2WpHhnqBASay6g-2bNl1CAZ8dvqPypoPbjHIOSjz0byVNTBnTQFBHMdKRdZ0ZdExqQvN0YdC4vV85vvr6Z/s1600/Untitled-1.gif" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5408518033643037682" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWbZpKBjiYoW6QlSyOIWTXkrOeb6rTJM5p2iBrWCckTaHIYXgUmAvNCKAeVg2WpHhnqBASay6g-2bNl1CAZ8dvqPypoPbjHIOSjz0byVNTBnTQFBHMdKRdZ0ZdExqQvN0YdC4vV85vvr6Z/s200/Untitled-1.gif" style="cursor: pointer; display: block; height: 166px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 200px;" /></a><span style="color: black;">E termina assim, sem explicação. Termina de novo e mais uma vez.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">Termina sem final o que nunca começou.</span></div>
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Como a onda do mar que mesmo sem força aos poucos desmancha o enorme castelo de areia.</span><br />
<br /><span style="color: black;">Construído com o tempo e muitas gotinhas de água misturadas a areia.</span><br />
<div style="color: #999999; text-align: right;">
<span style="color: black;">Que seca e se une uma a outra. Paciência.</span></div>
<br /><span style="color: black;">Fica só a mancha escura no chão e depois as marcas de pegadas de cachorros, pessoas...constrói outra história, outro olhar, outra poesia.</span><br />
<br /><span style="color: black;">Uma história que começa pelo final ou que termina no começo. Uma história.</span><br />
<br /><span style="color: black;">Não uma linha, não um caminho. Uma sinapse. Um choque. Um momento.</span><br />
<br /><span style="color: black;">Dias que somam meses e meses que somam anos e anos que não foram.</span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">Procuro em cada detalhe um sentido, uma razão. Desaba.</span></div>
<br /><span style="color: black;">Acabei antes que terminasse, antes que começasse. Borrou.</span><br />
<br /><span style="color: black;">Borrou o desenho colorido feito com giz de cera, canetinha, purpurina e gliter. A traça comeu, o papel amarelou. A fita adesiva já não gruda mais.</span><br />
<span style="color: #999999;"><br /></span><span style="color: black;">Mas na parede ainda esta a marca que o papel fez com o tempo. Mesmo com tinta nova a marca ainda estará lá. E mesmo sem parede o lugar ainda será o mesmo. E a não-história se fez.</span><br />
<br /><span style="color: black;">A purpurina já não tem o mesmo brilho. O tempo comeu. Estragou. Marcou. Mas eu estava lá pra sentir.</span><br />
<br /><span style="color: black;">Eu vi a água se misturar a areia e virar castelo.</span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">Senti o cheiro do papel e do giz. </span><br />
<span style="color: black;"></span><br /></div>
<div style="color: #999999; text-align: right;">
<span style="color: black;">Brinquei com a cola que secava nos meus dedos.</span></div>
<br /><span style="color: black;">E estava lá quando a primeira onda chegou. A segunda. A terceira.</span><br />
<span style="color: black;"><br /></span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">Acompanhei o caminho da traça. </span><br />
<span style="color: black;"></span><br /></div>
<span style="color: black;"><br /></span><br />
<div style="color: #999999; text-align: right;">
<span style="color: black;">Meu rosto brilhou quando assoprei o gliter.</span></div>
<span style="color: #999999;"><br /><span style="color: black;">Senti o peso no peito quando vi meu desenho manchar, meu castelo desmoronar</span></span><span style="color: black;">.</span><br />
<br /><span style="color: black;">Eu sabia que a onda ia chegar, que a traça gosta de papel. Mas eu deixei.</span><br />
<br /><span style="color: black;">Eu assoprei a flor para que pudesse ver as pequeninas partes brancas voarem. Eu vi.</span><br />
<br /><span style="color: black;">Não chorei, não gritei, mas eu estava lá quando não podia mais ler as palavras escritas a lápis, mas eu sabia que elas tinham sido escritas.</span><br />
<br /><span style="color: black;">Acabou antes de a bandeirinha ser estiada. Acabou antes de eu aprender a assinar.</span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-89313840366767582042009-11-19T12:33:00.000-08:002012-12-03T06:19:02.521-08:00Cotidiano<span style="color: black;">Será que vai fazer frio ou calor? Levo guarda-chuva?</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">Acho que este leite está azedo!</span><br />
<span style="color: black;"></span><br /></div>
<span style="color: black;">Não posso esquecer que hoje vence a quadragésima sétima parcela do apartamento. </span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">Queria um cachorro.</span></div>
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Que bonitas essas florzinhas amarelas no canteiro da Via Anchieta!</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Mas cachorro no apartamento...preciso comprar uma casa.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Será que o filme é um culto a personalidade?</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">“Epocler, você mais leve” – Epocler não é remédio para emagrecer, não gostei dessa propaganda, aliás, não sou a favor de propagandas de medicamentos.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">Adoro ele, ícone da história, figura fantástica!</span></div>
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Que capacete é esse? Por que ele está usando um capacete cor-de-rosa?</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Preciso comprar shampoo e mistura pra preparar a janta de hoje a noite, mas o dinheiro já está no final e preciso comprar pneus novos pro carro, os meus já estão carecas, tadinhos.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ai, que trânsito é esse? Vou chegar atrasada. Não posso perder o emprego. A mensalidade da escola. E se estiver sem sinal da internet? Preciso arrumar mais dinheiro.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Será que a mãe melhorou? Podia ligar pra ela, né? To sem crédito, que saco. Precisava de um celular pós-pago. Não sei como vivíamos sem celular, ainda lembro dos orelhões vermelhos de ficha, depois ficaram azuis e com cartão. E os bips, aquilo era muito ruim, a mulher do outro lado da linha não entendia nada.</span><br />
<br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">Ontem ela desmaiou.</span></div>
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Nossa, motoqueiro, de novo, sempre tem acidentes com motoqueiros. Acho que foi feio.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Kopenghagen, antes pensava em chocolate, nunca comi, muito caro.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Será que o recurso do projeto vai ser aprovado? A verba só dá para mais seis meses.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ai tiazinha...não quero balas, tadinha tão velhinha vendendo balas no farol. Preciso ajudar a pagar o convênio da minha avó.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Hoje Kopenhagen é sinônimo de efeito estufa, não é mais só chocolate.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">São tantos meninos dormindo nesse asfalto quente. Ouvi na televisão que ficam por até nove meses sem tomar banho.</span><br />
<br />
<span style="color: black;">Já tem enfeites de Natal! Será que vou conseguir comprar presentes esse ano?</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Também queria ter meu nome em uma via pública. Bom Pastor, quem foi Bom Pastor? Será que tem Boa Mãe, Bom Pedreiro, Bom Técnico Reprográfico?</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">Já to cansada e nem acordei direito.</span></div>
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">A crise chegou leve no Brasil. Vamos sediar as Olimpíadas de 2016, mas o mundo acaba em 2012. Será que é no começo, no meio ou no fim do ano? Quanto tempo eu ainda tenho? Devo gastar minhas economias? Comprar meu cachorro?</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">Amanhã é feriado, queria ir a praia, mas tem casamento.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Preciso emagrecer, minhas meias estão furadas.</span></div>
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Que imbecil! Bateu o guidão da moto no meu carro e nem pediu desculpas!</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ela disse que o irmão dela morreu na segunda-feira, parece que foi negligência.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ar condicionado faz mal, mas está tão calor. Já é verão?</span><br />
<br />
<span style="color: black;">Será que o meu vestido é curto? Ainda bem que já acabei a faculdade, mas não acho que aquilo fosse um vestido, parecia uma blusa, tenho uma parecida só que é preta.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Cor-de-rosa, as rosas tem mais de uma cor. Por que o amarelo não é cor-de-banana? Acho que a rosa mais famosa é a vermelha, não a cor-de-rosa.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Dirigindo em São Paulo aprendi a usar a buzina. Por que não usam setas? Nem olham para o lado?</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Se eu fumasse acenderia um cigarro, se não estivesse dirigindo tomaria uma cerveja. Mas e essas leis? </span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Cheguei! Atrasada, mas cheguei. Cansada, com calor, mas pelo menos não dei sete tiros no carro que me fechou na rua, nem esqueci meu filho dentro do carro. Hoje.</span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-28107688023458991112009-10-27T12:26:00.000-07:002010-01-06T09:30:50.905-08:00Paciência<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwJZfQwnV2pji7rH-8wzHEfYqhtLZ-LIFvsjkddh5oBh_LM1YeODCJYSkZL1eBTN3yIaKt4SHlIqCGavqnQlWZywdXnqcqU47M-s9ghik8CYtKBE0fG7SQSCYF80yx4kfmq7z_iLDqVHFu/s1600-h/2009+012.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwJZfQwnV2pji7rH-8wzHEfYqhtLZ-LIFvsjkddh5oBh_LM1YeODCJYSkZL1eBTN3yIaKt4SHlIqCGavqnQlWZywdXnqcqU47M-s9ghik8CYtKBE0fG7SQSCYF80yx4kfmq7z_iLDqVHFu/s320/2009+012.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5397365244624806242" border="0" /></a><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);"><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Queria poder enxergar o crescimento.</span></span> <span style="color: rgb(153, 153, 153);"><br /><br />As partes se esticando, como se quisessem alcançar o céu.<br /><br /></span><span style="color: rgb(153, 153, 153);">O organismo que corre escondido à procura de sustento.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Um movimento fixo. Mutante. Invisível.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Não foge da claridade, nem compra proteção.</span> <span style="color: rgb(153, 153, 153);"><br /><br />O corpo mutante, paciente, envelhece na busca da luz.</span> <span style="color: rgb(153, 153, 153);"><br /><br />As cores despencam e estilhaçam ao chão exalando perfumes que se sente o gosto.</span> <span style="color: rgb(153, 153, 153);"><br /><br />Não esfrega, nem desinfeta a pele enrugada.</span> <span style="color: rgb(153, 153, 153);"><br /><br />Cria meios para a podridão admirável.</span> <span style="color: rgb(153, 153, 153);"><br /><br />Abriga aproveitadores sem moeda de troca.</span> <span style="color: rgb(153, 153, 153);"><br /><br />Quando fora de casa, raptada e sozinha, não chora nem ri.</span><br /><br /><span style="color: rgb(102, 102, 102);"><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Parada, admiramos a sua morte.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Admiro a paciência de uma árvore.</span><br /></span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-2373698667788738162009-10-23T13:07:00.000-07:002012-12-03T06:22:04.567-08:00O ar<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJdIue38X5wHadL_D-vYUm-seJRXHNVKGZXpdBUY_KHIjL3F2PPiT9ddNZYjQQ4zmyFswmLYthnomTF4qzB9oytRWhAcFKBF37CjkoTeaJuijlK5QAqBAgtqGuPyrHHeG3yesSrjlBVkjP/s1600-h/o_ar.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5397329504921228082" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJdIue38X5wHadL_D-vYUm-seJRXHNVKGZXpdBUY_KHIjL3F2PPiT9ddNZYjQQ4zmyFswmLYthnomTF4qzB9oytRWhAcFKBF37CjkoTeaJuijlK5QAqBAgtqGuPyrHHeG3yesSrjlBVkjP/s320/o_ar.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 240px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
<span style="color: #666666;"><br /><span style="color: #999999;">É só o ar que passa alimentando.</span></span><br />
<span style="color: #999999;">É só o ar que passa levando.</span><br />
<span style="color: #999999;">É só o ar que passa trazendo.</span><br />
<br />
<span style="color: black;">Que acalma essa sensação estranha.</span><br />
<span style="color: black;">Que dispara as batidas do meu coração.</span><br />
<span style="color: black;">Que tranqüiliza minha emoção.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">O ar que limpa meus pensamentos.</span><br />
<span style="color: black;">O ar que faz bagunça na minha memória.</span><br />
<span style="color: black;">O ar que percorre os corpos.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">É o mesmo ar que envolve pessoas.</span><br />
<span style="color: black;">É o mesmo ar que acaricia pedras e espalha sementes.</span><br />
<span style="color: black;">É o mesmo ar que me dá prazer de existir.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Que circunda minha cama.</span><br />
<span style="color: black;">Que arrasta minha alma.</span><br />
<span style="color: black;">Que traz vida e morte.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">O ar que faz doer meu peito.</span><br />
<span style="color: black;">O ar que assopra minha ferida.</span><br />
<span style="color: black;">O ar que traz o som.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">É o mesmo ar que me faz ver as cores.</span><br />
<span style="color: black;">É o mesmo ar que seca meus olhos.</span><br />
<span style="color: black;">É o mesmo ar que limpa meu olhar.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Que traz calor nos dias frios.</span><br />
<span style="color: black;">Que traz cheiro de chuva nos dias quentes.</span><br />
<span style="color: black;">Que arrepia minha pele.</span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-14067515126795423962009-10-09T14:41:00.000-07:002012-12-03T06:21:26.973-08:00Ainda sinto<span style="color: black;">Uma presente saudade sinto de uma coisa que nunca se perdeu.</span><br />
<span style="color: black;">Uma saudade de um não sei o quê.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ainda sinto saudade do que perdi sem nunca ter.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Sinto saudade de uma união que se formou, de um laço que se criou.</span><br />
<span style="color: black;">Sinto saudade do desenho desfeito.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ainda sinto o cheiro, como se acabasse de sair ou chegar.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Uma timidez disfarçada num grito.</span><br />
<span style="color: black;">Uma brincadeira escondida num sentimento.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ainda que desfeito o nó, ainda é a mesma fita vermelha e branca.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Sinto o prazer do momento, da insegurança, da aceitação.</span><br />
<span style="color: black;">Sinto o som das palavras ditas na cozinha e do gosto do chocolate do pote de vidro sobre a estante.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ainda que embaralhada as cartas, os parceiros já haviam sido escolhidos.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Uma tarde de discussão e os desenhos emoldurados expostos na parede.</span><br />
<span style="color: black;">Uma porta de vidro, bolas coloridas na mesa de bilhar.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ainda lembro de crescer e não achar conhecer.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ainda me surpreendo por conhecer e acreditar desconhecer.</span><br />
<br />
<span style="color: black;">Ainda sinto o que sentia, como se o tempo tivesse estacionado.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ainda vejo as ausentes pessoas presentes.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">A lágrima ainda tem o mesmo gosto, o suor o mesmo cheiro, a voz o mesmo som, o olhar o mesmo brilho e o amor o mesmo tamanho.</span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-12773155206415756582009-09-23T13:16:00.000-07:002010-01-06T09:35:02.277-08:0029, o último dos intes<span style="color: rgb(153, 153, 153);">Começou a contagem regressiva de 365 dias para o fim dos intes. Estranho como a energia muda na data do nosso aniversário, tudo bem que eu não deixo que ninguém que esteja ao meu lado esqueça, mas sinto sim as energias fluindo, emanando...</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Não me importa se o fato de eu refrescar memórias, não consiga descubrir quem realmente se lembrou, mas eu esqueço a data do aniversário da minha mãe, tia, avó, namoro, casamento...e isso não significa que não ame as pessoas ou os momentos.<br /><br />Eu sei que não é uma data que muda um sentimento, um pensamento ou um comportamento, as datas são números que se repetem todos os anos para nos lembrar dos momentos, e esses são importantes pelas sensações e lembranças.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Não sei se é por ser o último ano dos intes, mas cada momento desse dia significou um presente e cada presente um sentimento, um reconhecimento, um re-conhecimento.</span><br /><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Minha avó ao telefone “Parabéns fia!”, um abraço apertado, um pijama, 10 brigadeiros, um sorriso sincero, um “Bom dia mãe!”, uma orquídea rosa, um conjunto indiano azul, um bolo de morango, um beijo na boca, outro na testa, uns muitos recados na página virtual, outros no visor do celular.<br /><br /></span><div style="text-align: center; color: rgb(153, 153, 153);"><span style="color: rgb(153, 153, 153);">“Parabén si! Felicidade eu sei que vc tem, então sei lá, dinheiro!!! hahaha bjo”.</span><br /></div><br /><span style="color: rgb(153, 153, 153);">Nos últimos dias dos meus intes reencontrei amigos, músicas, lembranças...e algumas vezes me pego pensando será que eu mereço tudo isso? Como foi que consegui cultivar tudo isso?<br /><br />Choro pelas perdas, pela saudade, pelo buraco que ficou, a cicatriz que não fechou, mas nos últimos dias dos meus intes percebi que também chorarava por continuar.</span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-15122335170114625832009-09-11T08:04:00.000-07:002012-12-03T06:19:32.917-08:00A caixa mágica<span style="color: black;">Nem deu meio dia, lá estava de malas prontas esperando a cavalaria para a viagem. </span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Passamos o feriado de sete de setembro em Peruíbe, no pequeno grande refúgio tão longe, mas tão perto.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Eis que nesse tão tão distante refúgio de corpo, pensamento e coisas, o Davi descobriu uma vitrola perdida dentre as velharias da goma, não pensou duas vezes em jogar o seu charme e pedir para a avó a vitrola para ele. Ela como toda boa avó que se preze tratou de atender aos caprichos do primeiro e único neto.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">No entanto, junto aquela velharia, nenhum disco foi encontrado, um tanto estranho, mas o compreensível Davi aguardou os tão longos quatro dias de descanso até retornarmos a nossa terra natal, São Bernardo do Campo.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Logo na primeira noite que voltamos, fomos à procura e porque não dizer, à caça, de algum disco de vinil para podermos escutar naquela pequena e tão diferente caixa preta com alças. </span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Enquanto minha tia procurava nas caixas de papelão empoeiradas e perdidas nas estantes e prateleiras, eu e o Davi tentávamos desencaixar as duas pequenas caixas de som que formavam uma tampa para a vitrolinha.<br /><br />Os parafusos que já haviam se fundido com as porcas, quase não se mexiam, era uma mescla de cores prateadas, verdes e brancas que pareciam calcificadas. Foi preciso além de muita força, um alicate, que por sua vez era mais velho do que a própria vitrola.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Desencaixadas as duas partes da tampa, abrimos uma pequena portinha debaixo da estranha máquina e um fio comprido e marrom encontramos, não perdemos tempo e logo colocamos na tomada e ligamos os outros fios das caixinhas de som em duas das quatro saídas da pequena máquina.</span><br />
<br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">- Achei, achei! – veio minha tia exclamando.</span></div>
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Pegamos os pequenos e pesados discos de vinil que pareciam ainda mais velhos do que a própria vitrola e o alicate, colocamos na máquina e tcharam!!! Funcionou!</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">O disco ficou ali girando, girando com aquela agulha sobre ele e magicamente sons saíam pelas caixinhas pretas.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Agora, imagino o que esteja se perguntando, o que eles ouviam?</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Pois é, essa é a melhor parte da história, nem eu ou o Davi entendíamos absolutamente nada do que se falava naquelas melodias, eram músicas japonesas.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Mas de repente peguei a mim e ao Davi ali, estáticos olhando, ou melhor, admirando aquela pequena caixa preta desmontada em três partes que soltava sons longos e agudos, os dois com leves sorrisos nos lábios enquanto o disco preto rodava.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<div style="color: #999999; text-align: center;">
<span style="color: black;">- Mãe, é assim mesmo o som?</span><br />
<span style="color: black;">- É Davi, essa é a beleza do som de um disco de vinil.</span></div>
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Ele sorriu e passamos mais algumas horas ali, virando e alternando os pequenos e negros discos sobre a mágica caixinha, sem nada ainda entender.</span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9024502971560742633.post-47593461577302853472009-08-14T14:11:00.000-07:002012-12-03T06:17:36.345-08:00Tenho. É. Quero<span style="color: black;">Tenho saudade daquele tempo, daquele cheiro, daquele abraço.</span><br />
<span style="color: black;">Tenho saudade do que ficou.</span><br />
<span style="color: black;">Tenho medo de perder o que não quis deixar crescer.</span><br />
<span style="color: black;">Tenho medo que não volte.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">É um riso com lágrimas. São olhos que brilham. Aperto no peito.</span><br />
<span style="color: black;">É o que foi, é o que ficou, é o que está sendo e não sei se será.</span><br />
<span style="color: black;">É sintonia que se perde.</span><br />
<span style="color: black;">É o nó na garganta que não sobe nem desce.</span><br />
<span style="color: black;">É o não poder sentir.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Quero cada dia que pensei.</span><br />
<span style="color: black;">Quero cada minuto que passou.</span><br />
<span style="color: black;">Quero guardar cada segundo que senti.</span><br />
<span style="color: black;">Quero poder imaginar o que poderia ser, ter.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Tenho saudade da saudade que hei de sentir.</span><br />
<span style="color: black;">Tenho medo da saudade ficar e de saudade não ter.</span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">Tenho. </span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: black;">É. </span><br />
<span style="color: black;"></span><br />
<span style="color: #666666;"><span style="color: black;">Quero.</span> </span>Dois Pedacinhoshttp://www.blogger.com/profile/05263148726171907169noreply@blogger.com1