Hoje é dia de ritual, um eclipse solar acontece em algum lugar enquanto a lua se esconde aqui.
Peço a lua que ilumine a noite enquanto o sol escurece.
Um ritual em que perpetuam aromas, cores e texturas. Um ritual em que nada se vê, se ouve ou se sente.
Hoje é dia de ritual, uma estrela brilha no céu enquanto outra se apaga na Terra. Uma vela que acende, enquanto outra se apaga com um sopro leve e curto.
O fogo que aquece e ilumina é o mesmo que queima e que arde. O sopro que alivia uma dor é o mesmo que arrepia de frescor.
Hoje é dia de ritual. O açúcar que adoça é o mesmo que adoece. O sal que conserva é o mesmo que incha.
Peço as chamas vermelhas, amarelas e negras que queimem, ardam e sequem o excesso. Que a água sacie a transparência e a palidez. Que o vento carregue. Que o açúcar adoce o gosto salgado e que o esse acabe com o gosto amargo.
Hoje é dia de ritual, em que os sentidos se afloram, misturam e fundem.