quarta-feira, 22 de outubro de 2014

...


Quando num torcer de cores saírem bolhas de sabão ou quando numa sombra ouvir o cantar dos peixes, serei amarela, laranja e vermelha. Serei completa como três pontinhos! Um atrás do outro, em fila...de mesmo tamanho e distância. Serei eterna como o cheiro de chocolate com menta.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

meu


Onde foi parar aquela menina, aquele rapaz? Quem era aquela menina? Quem era aquele rapaz? Era aquela menina, aquele rapaz?
Aquela menina que enfrentava qualquer rapaz! Aquele rapaz que sentia dor e chorava compulsivamente como uma menina.
Cadê ele? Cadê ela?
Fundiram na multidão. Confundiram a multidão.
Aquela menina, aquele menino, são eles! São todos eles!
Como se cúmplices por serem irmãos. E assim, dessa forma, um laço de dor se cria.
E todas as dores do mundo são minhas, assim como as alegrias.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O rabo da lagartixa


E assim, em milhares de caquinhos ficaram seus sentimentos.
Caquinhos que se regeneram como rabo de lagartixa, mas que se quebram em milhares de outros caquinhos.
Como os olhos que tentam falar o que a boca não solta, mas que também não se entende.
A letra do olhar que não se lê. A letra do olhar que não se fala. Que não tem som.

Como os caquinhos que não se grudam.
E assim fica. Meio quebrado, meio colado, meio dito, meio olhado.

A lagartixa que pacientemente espera o vacilo do pequenino mosquito. E gelada segue seu rumo sem rabo.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

de cor cinza

e o papel continua cheio de linhas por escrever. o lápis inteiro esperando ser apontado e a borracha a soltar seus fiapos. o livro com suas páginas a serem viradas.
não sai, nada sai.
fica aqui dentro guardado, perdido esperando sei lá o que.
fotos a serem reveladas.
realidades alteradas pela dificuldade, personalidades escondidas pelo medo.
pintam-se os cabelos, unhas, olhos e a boca.
veste-se com a roupa mais bonita e menos confortável.
sapatos que machucam os pés e calos que marcam uma transformação.
a cor já não pinta mais o desenho que o lápis não riscou porque os pensamentos ainda estão cinzas.
e cinzas foram o que viraram os sonhos que não foram sonhados.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

verde cheiro da água


verde como grama nova depois da chuva,
pequenas e delicadas curvas desenhavam o seu corpo.
cheirosa como a água que está por vir depois da seca.
em mim chega nos braços de quem sorri.
hoje eu ganhei um pé de alface.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Acreditei

Como a chuva que cai sem parar, como a água que deveria lavar, matar a sede. Como o sol que deveria secar, queimar, que deveria brilhar, que deveria alimentar. Como o ar que deveria me manter viva, o vento que deveria levar a poeira, balançar as folhas das árvores. Como eu que deveria ter nascido só para amar. Como as mãos que deveriam acariciar e da boca só sair palavras doces, os lábios para beijar, os cabelos para proteger e encantar. Como você que deveria ser feliz. Como o alimento deveria alimentar os famintos e o som sair de nossas bocas em formato de risadas. Como as lágrimas que deveriam acalmar. Como a paz deveria reinar e a amizade ser eterna.


Queria de volta o brilho no olhar, as músicas conseguir cantar, as pernas usar para caminhar, os braços abraçar, o coração sentir e a cabeça pensar. Achei que seria mais leve, achei que nas pessoas poderia acreditar e na família sempre poder contar. Achei que o conhecimento me garantiria futuro, que pelo menos aquilo que um dia tive poderia manter.


Queria olhar no espelho e ver meu crescimento, ter orgulho das minhas conquistas, sentir o peso da idade independentemente da vaidade. Queria ter cabelos brancos para usar lilás, um abraço forte todas as noites e agradecer a lua por mais uma noite estar em sua companhia.


Acreditei que a sinceridade sempre fosse a melhor solução, que a mentira levaria a desilusão, que arroz, água e sal fariam parte da minha refeição. Acreditei que aqueles que na minha cabeça passaram a mão, me acompanhariam pela vida. Que os cães sempre abanariam o rabo, que os gatos para sempre miariam e que os pássaros cantariam. Acreditei no amor, na amizade, na paz e na saudade.Acreditei que poderia chorar quando sentisse fome, que com um banho e uma noite bem dormida o dia mudaria. Que o tempo passaria. Acreditei .

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Dia das Crianças

Não dá pra acreditar o quanto crescemos em tão pouco tempo. Mas acredito que guardamos em uma caixinha vermelha no fundo do guarda-roupas as lembranças de nossa infância.

É pra essa caixinha que recorremos em momentos de aflito, tiramos lá do fundo as lembranças que nos dão de volta o sorriso perdido desse mundo maduro. Má-duro.

Dos dias de sol lavando o cachorro com a mangueira e ainda aproveitar o sabão para deslizar sobre o piso do quintal. Ou sair correndo atrás das galinhas que eram pintinhos até poucos dias, pintinhos que ganhamos na feira de cães e gatos.

Dos momentos em que dormimos de exaustão em uma cadeira qualquer, e que nos braços de nossos pais, fomos levados até a cama. Dos dias de febre e que um lápis de cor mudou tudo.

De correr livremente atrás das pombas na praça da igreja. De pegar jacaré na praia. De andar de bicicleta sem rumo. De comer chocolate sem medo de engordar. De brincar de "Mamãe Polenta" no quintal da vó.

De fazer comidinha do kit-frit. De chorar sem medo ou vergonha. Do dia que ficamos banguelas e ainda sentir orgulho disso. De falar com ninguém sem saber o por quê.

De chegar da escola e ver desenho a tarde toda. De acreditar em Papai Noel. De fingir acreditar em Papai Noel pra garantir o presente de Natal.

De namorar o garoto da escola sem ele saber. De tirar 10 na prova. De tirar 0,2 também. De pedir pra mãe pra brincar na casa da amiga.

De brigar com os irmãos e ainda ter que ser o último a dar o último tapa. De brincar de boneca, de carrinho. De ter fôlego pra pular corda, girar bambolê e fazer bolinhas de sabão.

De andar dentro do carrinho de supermercado. De fazer tchauzinho pro carro de traz. De comer pipoca com queijo no ônibus, de tomar sorvete de vento. De ter disposição pra acordar de manhã cedo em pleno domingo só pra comer pastel de queijo na feira.

Pois é... o Dia das Crianças está chegando de novo, e dessa vez não vou ganhar brinquedo, mas vou ganhar mais uma vez o melhor presente do mundo que é o sorriso e o abraço da minha criança.