quinta-feira, 31 de julho de 2008

Somente

Alguma coisa aqui dentro mudou, não sei realmente a mudança que se tornou, nem sei ao certo se mudou ou simplesmente surgiu.
Na verdade, acredito que daqui nunca saiu, sempre esteve e me cutucou. Mas só agora despertou.
Assusto-me só de pensar nas atitudes que essa mudança poderia causar.

Preferia não pensar.

É o tempo que se passa e a consciência que bate, a razão que me atormenta.
A grande questão é que ajo sem pensar, mas penso sobre o que aji.

Tudo me impulsiona. Tudo grita. Tudo pede.

Sou intensa e momentânea.

Será que somente eu penso assim?
Será que essa confusão só acontece dentro da minha cabeça?
Ou será que somente eu me atormento com meus pensamentos?
Será que só a mim a razão cutuca?

Não entendo como podem existir esses humanos 'canibais', insasiáveis pelo poder.
Entendo o tesão pelo poder, mas não aceito a forma de se chegar ao poder.

Dói. Incomoda.

Entristeço-me. Choro.

Busco soluções para não pensar, mas não adianta.

Mas pelo menos, ainda tento.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Música de acampamento

Acabei de me lembrar uma música que a gente cantava no acampamento do colégio, acho bacana deixar gravado aqui:

"Eu tava sentado na beira da estrada comendo banana com pão.
Passou uma velha pediu um pedaço, mas nós não demos não.
Ai, ai, ai ai, nós não demos não!
Sabemos que dar banana pra velha é falta de educação!"

Oco

Tá vazio, tá tudo vazio.

O oco, do desgosto, do desprezo, do desinteresse.
Um ácido que corrói e queima aos poucos, dolorosamente.
É tão vazio e oco que não se sente. Mas dói.
É um machuca e assopra. Sinto um ardor.

Uma dor fina e profunda.

Por que faz isso comigo?
Se só te quero bem?
Por que faz isso comigo?

Me faz oca.
Me faz rir.
Me faz chorar.

Por que faz isso comigo?

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Olhos para que?

Sinto a sensação de tocar sentimentos.
Sentimentos. Sentidos.
Sem-tidos. Eu? Ou o outro?
Olho que tudo vê. E daí?
De que adianta ver, se enxergar não pode.
Janela é só uma passagem. Uma passagem.
Olhos são janelas. Almas, sensibilidade de sentimentos.
Crença. Degradação. Aprimoramento.
Confusão. Conhecimento.
Conectividade e intimidade.


Janelas são passagens de luz, de ar, passagens...

Quando da alma, de pessoas. Não da pessoa física, da matéria orgânica e perecível, mas a passagem de sentimentos, de sensações, de caráter, das faculdades afetivas do homem.
Estranho é ver uma janela da alma. Janelas frente a janelas. Quem sou eu?
As janelas trocam e tocam, passam. Confundem. Fundem.
Conhecem, aproximam-se, encantam e desencantam. Conversam. Conexões que debatem a intimidação de seres desconhecidos.

Falam.

É necessário reconhecer a fala de quem fala, porque quando fala, fala de alguém.
Alguém. Outra janela.
Possibilita a passagem, a transparência do dito, do visto e de novo confunde. A confusão dos sentidos. Sem-tidos. Porque do que adianta ver a janela da janela se nada posso enxergar, porque não conheço, não re-conheço. O conhecimento formador de opinião, da abertura da possibilidade de discussão.
Crianças não deformam, formam. Adolescentes começam a se perder na deformação porque acham que deveriam formar, adultos crescem infelizes porque não entenderam a deformação e se tornam velinhos doentes e incompreendidos por eles mesmos, porque nunca deformaram. Foram fabricados e formados, se tornam vulneráveis e perdem-se.

Transparecem, vêem. Enxergam?

Inovar e renovar, poder fazer e refazer conceitos, pensamentos, possibilitar descobrir. Aumentar o entendimento de conceitos sem cair nos pré-conceitos.
Preconceitos inseridos na condição social e que pré-estipulados foram por um alguém. Uma janela semi-aberta, onde um pequeno feixe de luz ao mesmo tempo em que entra, revela uma imensa escuridão do outro lado de quem a vê.
Um preconceito tão forte que transforma pessoas em pedras, sem cheiro nem cor. Faz pensamentos crescerem e tomarem conta, perdendo a identidade e assumindo responsabilidades impostas e desnecessárias. A sensibilidade desta alma existe, mas não transparece causando tamanha incompreensão e desequilibrando seres que mutam para a transparência e tornando-se idênticos uns aos outros.

Onde está a força que faz transformar o cheiro em sabor? Ver sons e ouvir cores?
Cadê a com-fusão dos sem-tidos?

É engraçado como todo mundo quer ser ridiculamente normal, de hábitos comuns, ninguém é igual a ninguém.
As sensações das diferenças se trocam e tocam entre as janelas e por isso são tão admiráveis e sedutoras as pessoas. A mistura desses sentidos só é tão saboreada porque fundem e difundem, confundem e perdem-se novamente.
Perdidos da realidade, perdidos de sentimentos, perdidos de nós mesmos, para acharmos uns aos outros, acharmos no outro o que eu não sei.
O não sei que é compreendido porque se aceita e respeita, o não sei quem sou, para onde vou, porque vêem, o não sei de nada.
Achar, acreditar e descobrir o eu no outro é como se perder na solidão e ser achado por alguém mais perdido ainda. As perdas se unem e se acham perdendo o seu significado e a necessidade de sua existência. Achar a condição de se deixar perder e descobrir a vulnerabilidade da condição de estar sendo perdido a todo instante. Porque achar, todo mundo acha, mas sentir o peso da perda de ter sido achado é muito maior.

Porque janelas se abrem e se fecham a todo instante, a alma é algo discutível, olhos todo mundo tem. Mas enxergar, reconhecer.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Assuma-te louco

Vivo e convivo na minha complexidade de ser, de existir.
Penso e repenso minha razão. Ou a ausência dela.
Volto ao passado, sobrevivo no presente e tento julgar o futuro.
Aprendi a traduzir sua loucura e descobri a minha ainda maior.

Como quase ninguém, aceita. Mas não muda.

Rende-se a imaturidade da necessária maturidade.
Sente-se triste na felicidade ingênua do sofrimento.

Vivo e convivo com o corpo adulto e o pensamento perdido.
Entende, mas nem por isso compreende.

Odor, tato.

O mais assumido louco ser. A depressão mais linda.
O que te faltas?

Olhe. Sinta.

Ausente a compreensão da admirável loucura de estar afastado.

Não volte.

Assuma-te louco. Somos românticos.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Toca Raul

Ontem eu não chorei.
Mas acordei com os olhos inchados.
E embora o sol estivesse forte lá fora, não usei óculos.
Noite passada, pintei as unhas de carmim e depois adormeci.
Amanheci com o esmalte marcado das fibras do lençol. Mas não arrumei.
Raramente sinto cólica, hoje senti. Mas não tomei chá.
O tanque de gasolina estava na reserva, mas não completei.
Segui meu percurso normal até o trabalho, como se o mundo não tivesse mudado de um dia para o outro.
O sol continua a brilhar, meus dedos ainda estão em minhas mãos e minha mente ainda me guia.
Passei meu batom mais brilhante, o lápis escuro no olho, liguei o rádio e cantei.
Como já dizia Raul: “Não sei onde eu to indo, mas sei que to no meu caminho...”

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Metade


De repente sinto que tudo parou. Estagnou.
Parte de mim seguiu, mas outra parte ficou.
Perdeu-se junto ao seu pensamento cansado, sofrido, perdido.

Tão perdido.

Tão perdido que nem mesmo em minha companhia não se encontrou.
Porque metade de mim se foi e outra metade ficou.
Perturbado pensamento confuso de verdades falsas.

Confusa agora também estou.

Porque minha outra metade ainda não voltou.
Suplico que minha vontade volte. Mas temo.
Temo que não mais se encaixe porque ainda não se encontrou.

Porque a outra metade não conhece a mudança da metade que ficou.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Resfriado

A pele do meu rosto arde nesse inverno quente, meu organismo quase se rende a um possível resfriado, mas minha mente ainda luta para não se entregar.

O que é mais forte? Sou completa somente na união dos dois, será que minhas metades estão em conflito?

Acho que o conflito maior está acontecendo no meu pensamento, no meu sentimento. Essa eterna busca não saber o caminho a seguir.

Os olhos ficam secos pedindo para lacrimejar, meu coração pede o mesmo, mas a minha teimosa razão impede.

O que os outros vão pensar?

Os outros, sempre.

Raros foram os momentos que o pensamento era em mim, por mais que minha consciência acredite que penso em mim, nunca é a forma como ajo ou re-ajo.

Meu pensamento está cansado nessa quinta-feira de inverno (já estamos no inverno?), meu corpo também relutou em se esticar e levantar da cama, mas os despertadores gritaram e minhas narinas secaram e mais um dia iniciou ao som dos meus espirros.

Amigos e Amores

Qual seria a diferença entre a amizade e o amor?


Se amigos são amores, e amores não deixam de ser amigos;
se definição exata não existe para o amor, quem diria para a amizade.


Amigos são companheiros presentes na ausência,

amores que não abandonam.

Amigos são irmãos que a gente escolhe,

que nos conquista,

que nos adere.

São tons alaranjados que mutam para o vermelho, tornando-se azul;


são perfumes que chegam quando nada existe;

são palavras que não se dizem;


Amores e amigos não acabam não diminuem eles sempre estão.

São como aquelas florzinhas que a gente assopra e voa pedacinhos brancos lindos com o vento,


cada um para um lado diferente;

mas que surgiram de uma só flor;

e que daí em diante darão início a um novo ciclo de amor e amizade;

igualmente a o que os criou.


Amigos têm cheiro de chulé de neném,

que a gente sabe que é fedido;

mas adora sentir o cheiro.


Que a gente briga, mas porque ama.