terça-feira, 27 de outubro de 2009
Paciência
Queria poder enxergar o crescimento.
As partes se esticando, como se quisessem alcançar o céu.
O organismo que corre escondido à procura de sustento.
Um movimento fixo. Mutante. Invisível.
Não foge da claridade, nem compra proteção.
O corpo mutante, paciente, envelhece na busca da luz.
As cores despencam e estilhaçam ao chão exalando perfumes que se sente o gosto.
Não esfrega, nem desinfeta a pele enrugada.
Cria meios para a podridão admirável.
Abriga aproveitadores sem moeda de troca.
Quando fora de casa, raptada e sozinha, não chora nem ri.
Parada, admiramos a sua morte.
Admiro a paciência de uma árvore.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
O ar
É só o ar que passa alimentando.
É só o ar que passa levando.
É só o ar que passa trazendo.
Que acalma essa sensação estranha.
Que dispara as batidas do meu coração.
Que tranqüiliza minha emoção.
O ar que limpa meus pensamentos.
O ar que faz bagunça na minha memória.
O ar que percorre os corpos.
É o mesmo ar que envolve pessoas.
É o mesmo ar que acaricia pedras e espalha sementes.
É o mesmo ar que me dá prazer de existir.
Que circunda minha cama.
Que arrasta minha alma.
Que traz vida e morte.
O ar que faz doer meu peito.
O ar que assopra minha ferida.
O ar que traz o som.
É o mesmo ar que me faz ver as cores.
É o mesmo ar que seca meus olhos.
É o mesmo ar que limpa meu olhar.
Que traz calor nos dias frios.
Que traz cheiro de chuva nos dias quentes.
Que arrepia minha pele.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Ainda sinto
Uma presente saudade sinto de uma coisa que nunca se perdeu.
Uma saudade de um não sei o quê.
Ainda sinto saudade do que perdi sem nunca ter.
Sinto saudade de uma união que se formou, de um laço que se criou.
Sinto saudade do desenho desfeito.
Ainda sinto o cheiro, como se acabasse de sair ou chegar.
Uma timidez disfarçada num grito.
Uma brincadeira escondida num sentimento.
Ainda que desfeito o nó, ainda é a mesma fita vermelha e branca.
Sinto o prazer do momento, da insegurança, da aceitação.
Sinto o som das palavras ditas na cozinha e do gosto do chocolate do pote de vidro sobre a estante.
Ainda que embaralhada as cartas, os parceiros já haviam sido escolhidos.
Uma tarde de discussão e os desenhos emoldurados expostos na parede.
Uma porta de vidro, bolas coloridas na mesa de bilhar.
Ainda lembro de crescer e não achar conhecer.
Ainda me surpreendo por conhecer e acreditar desconhecer.
Ainda sinto o que sentia, como se o tempo tivesse estacionado.
Ainda vejo as ausentes pessoas presentes.
A lágrima ainda tem o mesmo gosto, o suor o mesmo cheiro, a voz o mesmo som, o olhar o mesmo brilho e o amor o mesmo tamanho.
Uma saudade de um não sei o quê.
Ainda sinto saudade do que perdi sem nunca ter.
Sinto saudade de uma união que se formou, de um laço que se criou.
Sinto saudade do desenho desfeito.
Ainda sinto o cheiro, como se acabasse de sair ou chegar.
Uma timidez disfarçada num grito.
Uma brincadeira escondida num sentimento.
Ainda que desfeito o nó, ainda é a mesma fita vermelha e branca.
Sinto o prazer do momento, da insegurança, da aceitação.
Sinto o som das palavras ditas na cozinha e do gosto do chocolate do pote de vidro sobre a estante.
Ainda que embaralhada as cartas, os parceiros já haviam sido escolhidos.
Uma tarde de discussão e os desenhos emoldurados expostos na parede.
Uma porta de vidro, bolas coloridas na mesa de bilhar.
Ainda lembro de crescer e não achar conhecer.
Ainda me surpreendo por conhecer e acreditar desconhecer.
Ainda sinto o que sentia, como se o tempo tivesse estacionado.
Ainda vejo as ausentes pessoas presentes.
A lágrima ainda tem o mesmo gosto, o suor o mesmo cheiro, a voz o mesmo som, o olhar o mesmo brilho e o amor o mesmo tamanho.
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