Algo me puxava para a direita, mesmo que para a esquerda quisesse estar.
Caminhei. Não estava embriagada, não estava anestesiada, mas era para direita que meu corpo seguia.
O chão estava distante dos meus pés por mais que nele estivessem apoiados.
Tiraram meu chão.
Queria ter sentido o frio do corpo, mas foi o frio da ausência quem me possuía.
A pequena bolsa ainda ficou sobre a estante. As chaves não abriram mais portas. Ainda escuto seu assobio me chamar.
Meus olhos vazaram sem sentir dor, senti a ausência da dor, senti o oco. O vazio que me consumia.
Senti o desespero da falta, ou o desespero do excesso do oco. Não soube para onde ir, para a direita ou pela esquerda, não estava perdida, não tinha que ir, mas precisava seguir mesmo ficando estática.
Não tinha escolha e não escolhi. Esperei.
Suei o suor da falta de exercício. Foi como o tempo voltasse, o tempo que passou, mas que ficou.
O tempo que não voltou.
Senti sono mesmo sem estar cansada, quis dormir. Meu corpo queria desligar a sensação que minha mente queria inventar, ele quis dormir.
Mas não dormi.
Apaguei as luzes e me banhei. A água estava mais fria do que quente, a pele reclamou, mas minha mente acordou. Esfreguei o corpo como se arrancasse parte da minha ausência de mim mesma.
Chorei até meu rosto inchar e sentir vergonha do som que saía da minha boca. Senti vergonha de mim mesma.
Vergonha mesmo estando sozinha.
Chorei até meu nariz entupir. Meus olhos pesaram.
“Eu sei” era o que a minha voz dizia. Repetia para mim, como se eu mesma quisesse ouvir, como se eu não ouvisse ou se não fosse dona dos meus pensamentos. Falei. Repeti.
Minha cabeça pesou e ouvia seguidamente músicas estranhas que eu mesma havia escolhido.
Quis dormir, mas a cama ainda girava e as lágrimas não secavam. Achei que pudesse estar com febre, quis vomitar, senti frio, esfreguei um pé no outro. “Eu sei”.
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