Passamos o feriado de sete de setembro em Peruíbe, no pequeno grande refúgio tão longe, mas tão perto.
Eis que nesse tão tão distante refúgio de corpo, pensamento e coisas, o Davi descobriu uma vitrola perdida dentre as velharias da goma, não pensou duas vezes em jogar o seu charme e pedir para a avó a vitrola para ele. Ela como toda boa avó que se preze tratou de atender aos caprichos do primeiro e único neto.
No entanto, junto aquela velharia, nenhum disco foi encontrado, um tanto estranho, mas o compreensível Davi aguardou os tão longos quatro dias de descanso até retornarmos a nossa terra natal, São Bernardo do Campo.
Logo na primeira noite que voltamos, fomos à procura e porque não dizer, à caça, de algum disco de vinil para podermos escutar naquela pequena e tão diferente caixa preta com alças.
Enquanto minha tia procurava nas caixas de papelão empoeiradas e perdidas nas estantes e prateleiras, eu e o Davi tentávamos desencaixar as duas pequenas caixas de som que formavam uma tampa para a vitrolinha.
Os parafusos que já haviam se fundido com as porcas, quase não se mexiam, era uma mescla de cores prateadas, verdes e brancas que pareciam calcificadas. Foi preciso além de muita força, um alicate, que por sua vez era mais velho do que a própria vitrola.
Desencaixadas as duas partes da tampa, abrimos uma pequena portinha debaixo da estranha máquina e um fio comprido e marrom encontramos, não perdemos tempo e logo colocamos na tomada e ligamos os outros fios das caixinhas de som em duas das quatro saídas da pequena máquina.
- Achei, achei! – veio minha tia exclamando.
Pegamos os pequenos e pesados discos de vinil que pareciam ainda mais velhos do que a própria vitrola e o alicate, colocamos na máquina e tcharam!!! Funcionou!
O disco ficou ali girando, girando com aquela agulha sobre ele e magicamente sons saíam pelas caixinhas pretas.
Agora, imagino o que esteja se perguntando, o que eles ouviam?
Pois é, essa é a melhor parte da história, nem eu ou o Davi entendíamos absolutamente nada do que se falava naquelas melodias, eram músicas japonesas.
Mas de repente peguei a mim e ao Davi ali, estáticos olhando, ou melhor, admirando aquela pequena caixa preta desmontada em três partes que soltava sons longos e agudos, os dois com leves sorrisos nos lábios enquanto o disco preto rodava.
- Mãe, é assim mesmo o som?
- É Davi, essa é a beleza do som de um disco de vinil.
- É Davi, essa é a beleza do som de um disco de vinil.
Ele sorriu e passamos mais algumas horas ali, virando e alternando os pequenos e negros discos sobre a mágica caixinha, sem nada ainda entender.
2 comentários:
Não tenho palavras pra explicar quem é ou o que é Davi?!?! Simplesmente EMOCIONANTE!!!
Adorei a história... Bjos pro Davi!
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